Raphael Augusto

Como as fintechs estão transformando o mercado financeiro?



O Brasil sempre foi reconhecido mundialmente por ter um dos sistemas financeiros mais avançados do mundo, tanto em termos de tecnologia aplicada quanto pelo seu funcionamento dinâmico mesmo em um ambiente com desafios complexos.

Mais recentemente, vimos o país novamente fazendo parte dessa dianteira ao ser um dos primeiros do mundo a aplicar o Open Banking e avançar para o Open Finance. E vale destacar que essa iniciativa não é isolada, mas sim acompanhada pelas instituições reguladoras que atuam ativamente no desenvolvimento das novas fronteiras da inovação no setor, usando estratégias de inovação aberta.

Apesar de ainda altamente concentrado em poucas e grandes empresas, o setor financeiro brasileiro enfrenta diversos desafios, como um alto índice de desbancarizados, motores baseados em assimetrias de informações, créditos restritos e com altas taxas e uma educação financeira aquém da desejada. No entanto, o segmento e suas adjacências carregam em si um mar de possibilidades, oportunidades e avanços.

Em um país com mais de 200 milhões de habitantes, onde a maioria é fã de celulares e smartphones, e como mostram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) temos mais 240 milhões de celulares, e mais de 95% das empresas são PMEs, como apontam informações do levantamento “Mercado Brasileiro de Software: Panorama e Tendências”, não é à toa que as fintechs se destacaram e seguem se ressaltado como os negócios mais interessantes entre as startups brasileiras. Além disso, estamos assistindo à chegada de várias fintechs estrangeiras no país, como Belvo, Revolut, N26, Sezzle, Jeeves, Clara, Synapse, entre outras.

Devido a esse cenário, as fintechs assumiram um papel importante ao dar dinâmica ao sistema financeiro brasileiro. O que antes era tratado como um "transatlântico lento e difícil de manobrar", frase comum entre a gestão dos grandes bancos, agora, com as alavancas e informações corretas, é possível acessar nichos e massas para atender diretamente aos anseios e necessidades de todos os públicos, e com a velocidade necessária.

As fintechs vieram para tirar da inércia o setor financeiro e tudo o que se relaciona a ele, criando uma nova perspectiva do que será o futuro do mercado financeiro. Por isso, continuarão a ser alvo de investimentos de risco, mesmo em um momento em que os cenários se tornaram mais conservadores e realistas por parte dos investidores.

Entre os desafios atuais, enxergo que elas devem encarar como um fator chave para o sucesso a educação financeira, tanto dos conceitos básicos aos avançados em torno do dinheiro, passando pelo letramento digital e, principalmente, reforçando o empoderamento que as tecnologias podem oferecer aos usuários. Além disso, o Open Banking recém completou dois anos, com inúmeras vantagens sendo oferecidas, porém o desconhecimento e falta de entendimento são os principais entraves para os usuários.

Nesse sentido, a descentralização, tokenização, validação de identificação, segurança e portabilidade dos dados são alguns dos temas mais interessantes no curto-médio prazo, em uma camada que pode até passar despercebida pelos usuários finais, mas que resolverá e abrirá possibilidades diversas em produtos e serviços perceptíveis a eles.

A desburocratização dos processos de abertura de contas, digitalização de transações e serviços financeiros segmentados já são realidades neste momento. Essas mudanças chamaram, inclusive, a atenção de outros setores, como o de Energia, Varejo e Seguros, que já se veem no seu futuro estratégico como fintechs e estão abrindo suas fronteiras para se relacionar com as startups.

A inovação aberta hoje é uma das principais ferramentas para quem não quer perder uma janela de oportunidade, pois consegue unir a experiência já existente com a agilidade e o domínio do que há de mais atual no mundo da tecnologia para a construção de produtos e serviços. Não observar e atuar com as startups é assumir um risco de perder a chance de ser pioneiro e educar todo um mercado sobre o que ele pode fazer.

 

Por Raphael Augusto, é Sócio-Diretor de M&A, Investimentos e Consultoria da Liga Ventures, maior rede de inovação da América Latina com o propósito de gerar resultados e impacto, conectando as melhores startups às empresas e a todo ecossistema empreendedor




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