ANEEL propõe redução nos valores das bandeiras tarifárias para energia elétrica
Cenário hidrológico, grande oferta de energia renovável no país e alívio no preço dos combustíveis fósseis no mercado internacional são apontados como motivo da possível redução dos valores das bandeiras tarifárias
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) anunciou ontem, 23, a abertura de consulta pública para discutir a redução dos valores de referência das Bandeiras Tarifárias, sistema que sinaliza aos consumidores os custos reais da geração de energia elétrica. Caso aprovada, a medida resultará de um cenário hidrológico favorável, da ampla oferta de energia renovável no país e da queda nos preços dos combustíveis fósseis no mercado internacional. A consulta pública estará aberta até o dia 6 de outubro, permitindo que a população e os interessados possam contribuir com suas opiniões.
As reduções propostas variam de acordo com a faixa tarifária: para a bandeira amarela, a queda é de quase 37%, saindo dos atuais R$ 29,89/MWh para R$ 18,85/MWh; para a bandeira vermelha patamar 1, o valor diminui 31%, indo de R$ 65,00/MWh para R$ 44,64/MWh; já para a bandeira vermelha patamar 2, a redução é de quase 20%, passando de R$ 97,95/MWh para R$ 78,77/MWh. A redução proposta também terá um impacto positivo nos reajustes tarifários ordinários, com a perspectiva de diminuição dos componentes relacionados à operação do Sistema Interligado Nacional.
A possível diminuição dos custos da energia elétrica, resultado das atuais condições favoráveis de produção de energia no Brasil, é vista positivamente pelo diretor-presidente da Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica, Alexei Vivan. Ele destaca que essa proposta de redução, somada à não ativação frequente das bandeiras tarifárias devido à geração mais barata, reflete a intenção da ANEEL de não apenas evitar o acionamento das bandeiras, mas também de reduzir seus valores.
Desde abril do ano passado, a bandeira tarifária segue verde, sem custo adicional ao consumidor, devido às favoráveis condições de oferta de energia. Com o atual cenário, espera-se que essa situação continue até o final do ano.
Economistas também comemoram essa redução nos preços da energia elétrica. Felipe Queiroz, pesquisador da Unicamp, destaca que a queda nos preços beneficia não apenas as famílias, que terão mais folga no orçamento, mas também diversos setores da economia, que terão seus custos reduzidos. Setores como a indústria, supermercados e comércio em geral são grandes consumidores de energia elétrica, e a redução nos preços pode gerar impactos positivos em toda a economia, levando à redução dos custos de produção e, consequentemente, dos pre ços gerais.
A crise na geração de energia em 2021 resultou no aumento das tarifas de energia elétrica, tornando esse novo cenário favorável uma notícia bem-vinda para os consumidores. Renan Gomes de Pieri, economista, enfatiza que a redução tarifária agora é possível devido ao término dos contratos das usinas termelétricas, que possuem custos de geração mais altos. Com a geração de energia mais barata, abre-se espaço para a redução nos preços.
As bandeiras tarifárias foram criadas em 2015 para tornar a conta de luz mais transparente, indicando ao consumidor os custos reais da geração de energia elétrica. O sistema reflete os custos variáveis da geração de energia, sendo acionadas bandeiras diferentes conforme as condições de geração. Com a atual situação favorável, espera-se que as tarifas continuem baixas e que os benefícios se estendam a diversos setores da economia e à população em geral.
Fonte: Brasil 61